19.1.09

Pequenas histórias sobre São Sebastião


São Sebastião é mártir, sepultado na Via Ápia em Roma e comemorado no dia 20 de janeiro. Segundo Santo Ambrósio, Sebastião nasceu em Milão, onde já era venerado em fins do século IV. O cerne da narrativa diz que São Sebastião, nascido na Gália, era oficial da guarda imperial em Roma, na época de Diocleciano. Quando descobriram que era cristão foi sentenciado a morrer por flechadas. Os arqueiros deram-no por morto, mas seus ferimentos foram curados pela viúva de outro mártir, São Castelo. Ao saber disso, Diocleciano ordenou que Sebastião fosse surrado a pauladas até morrer. O emblema de São Sebastião é uma Flecha.

Um dos mitos da tutela do Santo no Rio de Janeiro conta dos milagres recebidos pelos portugueses, chefiados por Estácio de Sá, que venceram a resistência de franceses e Tamoios na cidade em 1567. Os projéteis dos franceses que atingiram os peitos nus dos homens de Estácio – um tal Luís d’Almeida e um índio batizado Marcos, entre outros –, não causaram nenhum dano físico, como se eles estivessem de armadura. É recorrente também a afirmação de que as feridas das flechadas contra os cristãos rapidamente saravam, o que era tido por milagre de São Sebastião, segundo Manuel de Menezes e Simão de Vasconcellos. O milagre por excelência, narrado por diversos cronistas, foi "a aparição de São Sebastião, como um desconhecido “soldado gentilhomem”, “de notável postura e beleza”, saltando de canoa em canoa e assustando os inimigos, segundo o que teriam afirmado os próprios tamoios e franceses, após fugirem e desarranjarem uma cruel e desigual arapuca de canoas forjada contra os da cidade".

De acordo com os raríssimos editais do fim do século XVIII e início do XIX, preservados no códice 16-4-21 do Arquivo Geral da Cidade, os habitantes deviam ornar suas portas com luminárias nas três noites antecedentes ao dia do “Glorioso Mártir”, sob o risco de serem multados, no que variou de 3$000 a 6$000 réis, entre 1799 e 1808. Além, é claro, dos 30 dias de cadeia, previstos e publicados em todos os editais consultados (AGCRJ, Cód. 16-4-21).

Referências:

- Attwater D. Dicionário dos santos. São Paulo: Círculo do Livro; 1983:p.259/260.
- Cardoso V. M. A Legenda Dardejda: São Sebastião como símbolo identitário no Rio de Janeiro do Antigo Regime. In: XIII Encontro Regional de História Anpuh-Rio, 2008, Seropédic. XIII Encontro de História Anpuh-Rio. Programas e Resumos.. Rio de Janeiro : Armazém das Letras, 2008. p. 80-81.

Aline Gama

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