18.12.08

O abraço

Ele surge sem explicação. Para acontecer é preciso apenas que os dois corpos, o dele e o meu, ocupem o mesmo ambiente e se atraiam por tesão, carinho, paixão ou amizade. Pode ser no salão de festas da casa de uma amiga em comum, em um boteco ou uma pista de dança na Lapa, no corredor de uma escola ou de um shopping, ou até, no meio da rua ou dentro do carro. Antecede quase sempre o reconhecimento do encontro com um olhar ou um 'oi'. Apesar de sermos profissionais da palavra, nesse momento somos silêncio.

Sou só eu e ele! Os braços se enroscam, as mãos se espalmam e apertam o outro corpo. Coração escuta coração. Nada mais existe. O samba descompassado no meio de nós. O tempo pára. O mundo não gira. Um suspiro profundo e nossas almas se reencontram como se fosse a primeira vez.

No microscópio, Aline Gama

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