25.5.09

A escuta ou observação não-participante

Caminho sem fones de ouvido, devagar, com uma mão no bolso, outra na pasta, bolsa tiracolo, pensando na vida... “É isso mesmo: eles sempre passam para pegar arrego!!!” “Lá aonde moro, na Mangueira, outro dia eu fiquei contando... passaram dez, você acredita? Passaram 10 carros de polícia para pegar dinheiro com os caras!” “ E você sabe que foi o governo que fez isso, não é?” “Não é mole, agora depois de tudo errado quem vai conseguir consertar?” “Não tem mais jeito, não!!!”

Penso e quase falo, moço deve ter um jeito sim! Acompanho o casal e a conversa.

“Outro dia eu estava conversando com uma amiga que dá aula...Ela falou que as meninas hoje só querem ser manequins.” “Na minha época eu e minhas amigas queríamos ser professoras, medicas, mães de família...Agora, as meninas começam a transar cedo e querem vida fácil.” “É, ninguém quer trabalhar nesse país!”

Quase falo, mas olho para quem são eles e sigo.

São quase nove horas da manhã. Ela é branca de cabelos pretos e baixinha. Veste bermuda de coton azul, top preto, blusa branca larga e tênis, se despede e vira para direita. Ele é negro, cabelos grisalhos e alto. Usa camisa de botão estampada, calça social bege, sapato marrom, manda lembranças a família dela e segue para esquerda.

Viro a esquerda, penso que o que vi e ouvi é um dos nossos jeitos e decoro as falas para escrever aqui.

Aline Gama

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