24.8.09

A imagem em questão II - "Yes, we can!"



Sou do tipo que fecha os olhos, franze a testa, aperta a almofada ou o braço ao lado e ainda viro o rosto diante de cenas de violência e terror, mesmo sendo o primeiro encontro ou a primeira ida ao cinema. Já ganhei abraços e beijos, mas também risos. Nunca sei se são pelo inusitado da reação espontânea ou por pena. Lamento ser sempre mais forte que eu, mas acredito naquilo que vejo.

Circulando entre as fotografias de Robert Polidori, no Instituto Moreira Salles, e do World Press Photo 09, na Caixa Cultural, vi muito mais destruição do que gostaria. Passei rápido pelas muitas imagens de sofrimento e parei diante das que realmente me comoviam. Nenhuma imagem me pareceu inédita. Nada de novo. O corpo sangrando, a lágrima, as paredes furadas pelas guerras, o grito e o choro congelados, a intensidade das cores da natureza, o caos de apartamentos e cidades habitados pelo homem e só.

Não que a ida às exposições não valha apena. É preciso ver e sentir o que nos falta em imagens, assim como o que nos sobra. A imagem não revelada é a do abraço entre amigos, do aperto de mão entre rivais, do beijo entre amantes, do olhar carinhoso entre estranhos ou da brincadeira de crianças. Enfim, Robert Doisneau!

Aline Gama
A bela foto de Michelle e Barack Obama é de Callie Shell. O primeiro lugar na categoria "People in the News".

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