Piso na areia da praia do Leblon e sinto a brisa quente. Tiro tudo e quase o biquini para entrar n’água. Tenho medo da superfície lisa do mar que não mostra quando as ondas azuis chegam, mas mergulho de cabeça.
Dentro d’água escolho as ondas que me fazem deslizar. Me sinto submersa. Penso em você que voa sobre água. Distância ou proximidade? Não sou de superfícies. Estou dentro. Faço curvas com corpo, jogo água nos banhistas, dou cambalhotas, giro, mudo o caminho, subo a onda, desço até quase a beira do mar. Inclino o corpo dou meia volta para o fundo que é o meu lugar.
Saio d’água. Sinto o sol banhar meu corpo de calor. O céu aponta a tempestade. O vento quente dá lugar ao sudoeste. Levanta areia, fecha o meu livro e toda a praia se transforma em folhas. Cadeiras, cangas, pessoas, barracas, isopores, tudo é leve e se move. A natureza é soberana.
Como se boquiaberta, assisto.
Aviso ao meu vizinho que não vai parar. Não penso em fotografar. Não penso em correr. Finco os meus pés na Terra e meus olhos na superfície lisa do mar transformada em carneirinhos. O vento atravessou países, estados, cidades, bairros e casas. Destruiu, matou, levou tudo até me envolver em seu canto.
Aline Gama para ALN
Rio, 08.09.2009
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