19.2.09

Vik no Rio


Vik e suas obras estão no Rio pela segunda vez em uma grande retrospectiva de seus 20 anos trabalho. Na primeira, nos idos de 2001, eu, ainda menina e estagiaria, conversei e fotografei ele fazendo caras bocas com sua namorada, Janaina Tschape. Ontem, nem sequer consegui ouvir ecos de sua voz na palestra. Fiquei do lado de fora com mais 30 pessoas. Voltei, então, a passear por suas obras...

Apesar de já ter visto muitas daquelas imagens, foi como se fosse a primeira vez. Suas correlações assustam. Mostram o estranho que há em nós humanos ocidentais. O mapa-mundi de Vik é um grande resto de computadores que dá o que pensar. Basta perceber em que países estão as CPUs. Os diamantes e o caviar estão naquilo que valorizamos: as divas e os monstros hoollywoodianos. O resto daquilo que produzimos, o lixo e a sucata, nos trazem a imagem de crianças órfãs e de trabalhadores do lixão de Gramacho.

É isso que queremos produzir? Somos isso?! Poderiam eles, catadores e crianças, formarem imagens com diamantes, chocolates e geléias? Essas são as perguntas que eu não fiz.

Tenho quase certeza que ele responderia que sim. Afinal, as crianças fazem poses de obras de arte. Vik as reconstrói com chinelos de borracha, tampas de vaso sanitário, arames, pneus, tecidos, garrafas pets, carcaça de orelhão, elasticos, cordas, roupas etc. São os nossos restos que mostram o resto de nós, mas que são incluídas por ele no belo. Vik é genial ao nos reapresentar em pixels, em recortes de revistas, em restos, em brinquedos, em linhas e em grãos a arte.

Aline Gama
Foto: Aline Gama - mar 2001

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