Fim de um dia de sol e calor, estou entre um grupo de amigos dos mais diversos lugares na praia de Ipanema. Ao todo somos mais ou menos 15 pessoas entre 20 e poucos e 30 anos. Uma estudou comigo desde o colégio, outra é mais amiga dessa amiga, mas estudamos juntas na mesma faculdade. Alguns dos outros, homens e mulheres, são meus vizinhos desde os 7 anos de idade. Os demais são namoradas, namorados e amigos de amigos.
O sol daqui a pouco vai se pôr e alguns vão aplaudir. Deus sabe o porquê do pôr-do-sol ser aplaudido. Alguém antecipa o que virá depois, porque hoje é sábado: “então, o que vocês vão fazer mais tarde?”; “tenho um jantar de aniversário de uma amiga e não posso levar ninguém”; “eu vou dormir, tive uma festa ontem e estou cansada”; “compramos ingresso para um show, vocês querem ir?”; “onde?”; “que horas”; “quanto?”; “nos falamos mais tarde...”.
Acontecem os aplausos e o tempo esfria. Todos fazem movimentos de saída. Ele veste a bermuda, outro coloca a camisa, ela deixa cair o vestido, a outra se aperta no short, todos calçam chinelos de dedo e andam em direção a dona da barraca que chama-se Dilma. Na barraca da Dilma trabalha uma equipe que veste literalmente a mesma camisa: uma menina, que não lembro o nome, Bruno e Rodrigo, todos jovens. Ela aluga cadeiras e guarda-sóis, vende água com/sem gás e de coco, refrigerantes, cerveja e biscoito O Globo. A equipe traz os pedidos e leva os produtos. No final, quem consumiu paga para Dilma que cumprimenta os fregueses, atende, anota tudo em seu caderno, erra algumas coisas, mas confia em nós.
Entre a saída da praia e a entrada da noite que é de sábado, o tempo é curto. Um banho, um almoço que pelo horário é jantar e a sesta de no máximo uma hora com celulares e telefones desligados. Durante esses eventos, as conversas decidem que a noite será diante de um palco, com música brasileira, cantada por um negro que gosto muito.
Acordo e acho que não quero ir, mas devo. Combinei. Vai ser legal. É sábado. Ligo o som, como chocolate e acredito no ‘vou me divertir’. Vou com alguns dos amigos que estavam na praia. Lá, nós e mais 3 mil pessoas ficam diante do palco, bebem, fumam cigarro e maconha, cantam e dançam. Alguém pega na minha mão e eu pulo de susto. “Que isso?”. Olho para o dono da mão que segura a minha e sorri. “Eu só queria segurar na sua mão, pode?”. Fico sem graça e faço que sim com a cabeça. A música brasileira, cantada por um negro, continua. Minha outra mão segura uma bebida que acaba e é levada pelo garçom. O dono da mão, que segura uma das minhas, usa a outra mão e me tira para dançar. Olho para os meus amigos e meu corpo é levado pela dança porque hoje é sábado.
Aline Gama
Um comentário:
porque hoje é sábado e a gente nao se viu, mais uma vez!
mas tudo bem, você sempre escreve lindo e acabo te perdoando..
bjs!
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