As campanhas - falas, promessas e cobertura jornalística - das eleições só conjugam dois tempos verbais e nada explicam. Considerando a mídia superficial e partidária, vou aos sites de três dos meus possíveis candidatos e encontro variações sobre o mesmo tema.
Os verbos são cuidar, mudar, ampliar, transformar, acabar, diminuir, etc. Após os verbos os objetos diretos e indiretos variam entre saúde, educação, transporte e violência. Porém, nada dizem quando e como isso tudo vai acontecer. Alguns falam em parceria com a iniciativa privada, com o governo estadual ou federal, mas ninguém pergunta e eles não respondem:
- Como?
- Quais métodos?
- Em quais prazos?
Eleger um prefeito não é uma escolha lúdica, como a de um namorado ou a de uma religião. Não deveria se tratar de uma paixão cega e tampouco de uma crença fervorosa. Não vejo como votar sem as respostas. Preciso delas para ontem e por escrito para ler e refletir. Somente com elas em mãos, posso escolher legitimamente quem fará algo pela cidade. Só assim terei como cobrar caso as promessas não sejam cumpridas, as verbas desviadas e os prazos expirados.
No microscópio, Aline Gama
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